25
Ago 09


 

O encontro prometia: Marques Mendes saiu da política activa há dois anos. Aproveitou este tempo para escrever um livro com propostas para o país – “Mudar de Vida” – e tem feito algumas intervenções esporádicas, sempre guiado pela mesma batuta: credibilização e moralização da política.

O Director da UV dá o tiro de partida: "o que de concreto se pode fazer para melhorar a qualidade da democracia portuguesa?" Marques Mendes não se acanhou, elencando e desenvolvendo aquilo a que ele chama os cinco pecados capitais que conduzem ao descrédito da actividade política: falta de solidariedade; falta de liberdade de escolha; crise da justiça; incongruências do sistema político; falta de ética na vida política.

“Não são precisas leis para mudar tudo isto”, disse o orador desta noite. “Nós temos a obrigação de sermos diferentes e de ter a coragem de sermos diferentes”. Na sua opinião, o problema não é falta de causas no nosso país, “o problema é falta de vontade política”. 

Seguiu-se a fase de perguntas dos grupos, que se centraram em temas inevitavelmente associados ao seu percurso político: mérito e verdade na política, reformas estruturais, combate ao clientelismo, à cunha e ao tráfico de interesses, hipocrisia dos políticos, entendimentos entre os dois partidos com vocação de governo. Uma noite que decorreu em ambiente familiar, como se prevê quando se conta com a presença de um antigo líder do partido.


 

António Borges mostrou ao que vinha logo de início: entrou no tema de forma desabrida e directa, sem paninhos quentes. "A nível de política económica há no nosso país uma enorme confusão. (...) O nosso País tem problemas de tal maneira sérios que é possível colocar a pergunta haverá recuperação possível? Ou mudamos rapidamente de rumo ou esta ameaça é bem real."

O nosso orador apresenta então a actual situação económica portuguesa, num registo muito exigente, colocando a tónica na dívida e déficit externos. O que de mais importante "Portugal tem de perceber neste momento é que tem despesa a mais, e não a menos." António Borges aponta o dedo ao Primeiro-Ministro, que está convencido de que "tudo o que é investimento é bom para o país", defendendo que "o País tem de ter cuidado com todo o tostão gasto", não entrando em delírios despesistas executando "tudo o que aparece". "Muitos destes investimentos são até contraproducentes".

Traçado o cenário, passamos às soluções. Primeiramente fala-se de algo incontornável, de poupança, da situação mundial. "A política deste governo tem penalizado cada vez mais a poupança." O estilo de António Borges é, como comentou o aluno UV2009 João Matos via Facebook, "incisivo, acessível e elucidante". Prova que não veio à UV para uma conversa pacata, mas efectivamente para analisar connosco a situação económica.

Aponta-se a principal questão: como tornar os portugueses mais produtivos, mais competitivos? Para o nosso Professor, primeiro há que cair na conta de que há duas economias em Portugal, "a das PME's que está num estado miserável e a das empresas protegidas, com uma rentabilidade elevadíssima". Mais avisa que para descer o IRC de forma a "dar mais dinheiro a quem já tem muito, não contem connosco. Descer de forma a ajudar quem está em dificuldades, isso sim".

Qual o ponto mais dramático? Um país "parado, estagnado, em que não há produtividade." Duas preocupações terão de nos guiar: grande rigor nos gastos do dinheiro, em todos os tostões públicos; prioridade total à sobrevivência, eficácia e produtividade das nossas empresas.

Entramos na parte das perguntas dos nossos grupos, onde muitos foram os temas lançados para a mesa, do aproveitamento da nossa ZEE às políticas de bónus das empresas, endividamento, papel do Estado e da CGD, criação de um conselho supra-partidário, política monetária, passando por conselhos económicos a jovens empresários ou ao novo ministro da Economia. 

Um longo aplauso assinala o fim da aula de António Borges, que pontua uma prestação ímpar com um momento de humor: "Obrigado pelo vosso interesse e por, ao contrário dos meus receios, não ver ninguém a dormir a sesta."

publicado por uv2009 às 19:35

 

 

Foi em 2002 que recebi o convite do Carlos Coelho, por via do nosso comum amigo José Matos Correia, para participar na Universidade de Verão desse ano, sob o tema, sempre inevitável, da situação e política económica.

Devo dizer que ignorava o trabalho do Carlos e por isso fui sobretudo por amizade a ambos. A surpresa foi total: a organização era absolutamente irrepreensível, os jovens estavam motivados e as conversas com eles foram interessantes e produtivas. Percebi que se estava perante algo de muito importante em Portugal: um verdadeiro processo de formação política e temática, sério e participado.

Este ano, a Universidade de Verão parece superar o sempre crescente aumento de nível de qualidade e participação. Ganhou novos intervenientes, pode ser seguido à distância por múltiplos meios e continua a beneficiar do enorme profissionalismo do Carlos e da equipa da Jota que o tem acompanhado. É por isso perfeitamente justo e adequado, que tal como no passado recente, o seu encerramento seja mais uma vez, um marco relevantíssimo da abertura do ano político.  Esperemos que o discurso da líder seja aí mais um marco no caminho para um resultado vitorioso a 27 de Setembro.  Quando tal acontecer a JSD e a UV também estarão de parabéns.

 

Antonio Nogueira Leite

publicado por uv2009 às 15:18

 

5 minutos antes da hora e já toda a gente estava no seu lugar. Às 09h57s começa a primeira aula da UV2009, com a exposição do Dr. Miguel Monjadirno "Tensões, conflitos e riscos no Mundo" .

O nosso primeiro orador é um contador de histórias: para nos transmitir o seu conhecimento, ele cria a atmosfera necessária à atenção, ao envolvimento do aluno. O pontapé de saída foi dado com uma história do seu tempo de serviço militar, para que todos fiquemos conscientes de que a mudança não se constrói com facilidade, que "será penosa", e que nós temos de estar disponíveis a sermos "agentes de uma mudança que não conseguiremos controlar". "Vocês são a geração da mudança".

O Miguel Monjardino não só nos apresenta a sua visão, mas também ausculta os participantes desta UV, interpelando-os directamente: "o que vos preocupa no mundo?". A UV responde-lhe: os problemas sociais, a interdependência e interligação, o egocentrismo, a pobreza extrema, a indiferença, o que denota uma profunda consciência global nesta UV2009. Surge nova pergunta: "sentem-se optimistas ou pessimistas?". Dois terços da nossa UV encara o mundo com optimismo. Ainda bem. Pois como disse o UV2006 José Pedro Salgado "Quem faz o futuro seremos nós. Se estivermos pessimistas, não é grande sinal." (via facebook)

"Nós vivemos muito bem e apesar disso sentimo-nos mal. As pessoas vêm do resto do mundo à nossa procura e da nossa vida, e nós temos medo, sentimo-nos angustiados, não nos sentimos satisfeitos" diz-nos Miguel Monjardino. "Não sabemos muito bem como nos vamos manter na crista da onda. (...) a mudança implica sempre incerteza em relação ao futuro". Mas o nosso orador tem uma certeza: "Um Portugal mais aberto ao mundo implica melhor educação e criação de produto de valor acrescentado".

Deixa-nos um alerta: "Para serem os agentes da mudança têm de perceber o que é que a palavra implica, e ninguém vos garante que a mudança que construam seja a mudança que queriam". E incita-nos a descobrir John Boyd, particularmente uma oração sua chamada "To be or to do?". O que queremos da vida?

Entramos de seguida no momento das perguntas dos grupos, tendo tempo no seu final para ouvirmos via mail perguntas de dois alunos de edições anteriores que assistiram à aula através da emissão online e também, graças à boa administração do tempo, de perguntas de alunos UV2009 mais voluntariosos. África, mundo pós-11 Setembro, recursos, religião, Guantanamo, conflito inter-geracional, tudo temas colocados em cima da mesa.

A aula termina com uma sugestão musical de Miguel Monjardino: Extraordinary Machine por Fiona Apple. O nosso orador despede-se dizendo-nos: "Não vos peço que sejam uma extraordinary machines, mas que sejam extraordinary people". 

publicado por uv2009 às 14:18

 

Acabada a primeira aula, podemos desde já concluir que as perguntas à distância e a transmissão online são um sucesso. No final do tempo dos grupos, para além do "catch the eye", contámos com as perguntas via mail de dois antigos alunos da UV (José Pedro Salgado e Rita Cipriano, ambos UV2006) ao nosso orador, o que reforça esta ideia de uma comunidade, uma família UV.

Estamos de parabéns.



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